Reestruturações no varejo de moda expõem a transição estrutural do setor

O varejo de moda atravessa uma das fases mais profundas de reestruturação das últimas décadas, impulsionado pela consolidação do e-commerce, pela pressão sobre margens e pela mudança definitiva no comportamento do consumidor. Um dos exemplos mais emblemáticos é a Zara, principal marca do grupo espanhol Inditex, que vem promovendo o fechamento permanente de dezenas de lojas físicas ao redor do mundo. A estratégia não representa retração, mas sim uma reorganização do modelo de negócios, priorizando lojas maiores, mais estratégicas e altamente integradas ao ambiente digital, funcionando como hubs logísticos, showrooms e pontos de experiência da marca. O movimento reflete uma visão na qual o ponto físico deixa de ser apenas um canal de venda e passa a ser parte de um ecossistema omnichannel mais eficiente.

No Reino Unido, a River Island segue um caminho semelhante, ao anunciar o fechamento de 32 lojas até janeiro de 2026. A decisão integra um plano de estabilização financeira diante do aumento dos custos operacionais, da desaceleração do consumo discricionário e da migração contínua dos clientes para o online. Assim como outras varejistas britânicas, a River Island busca reduzir sua exposição a contratos de aluguel onerosos e redirecionar investimentos para tecnologia, logística e plataformas digitais. Esses movimentos evidenciam uma mudança estrutural no setor: menos lojas, porém mais relevantes; menos volume, porém maior eficiência e controle.

Em conjunto, os casos de Zara e River Island reforçam um novo paradigma no varejo de moda global. A presença física permanece importante, mas deixa de ser expansiva e passa a ser curada, estratégica e integrada ao digital, sinalizando que o futuro do setor será definido pela capacidade de adaptação — e não pelo tamanho da rede de lojas.

THE SUN. Fashion giant known for ‘runway-to-wardrobe’ permanently closes down dozens of locations. Londres, 2025. Disponível em: The Sun. Acesso em: dez. 2025.